terça-feira, 6 de janeiro de 2015

imagem d'escrita

Título – imagem d’escrita
Autor – Roberto Leandro
Editora – Obnósis Editora
Data de edição – 2014

imagem d’escrita” é o terceiro livro de autoria do jovem poeta Algarvio Roberto Leandro. Esta obra apresenta um conceito diferente da norma, fundindo no mesmo espaço poesia e fotografia, e proporcionando ao leitor um experiência rica, simultaneamente de interpretação do poema e de tudo o que este transmite, e da comparação com a perspectiva do fotógrafo, venha esta, na visão do leitor, enriquecer, complementar ou simplesmente acompanhar a palavra escrita do poeta.


Este curioso livro não é, de todo, uma narrativa em poesia, qual Lusíadas; é antes um conjunto de histórias em que cada poema oferece um retrato da realidade, interpretada por Roberto Leandro e pelos seus quatro co-autores, em fotografia, e onde o próprio leitor é convidado a participar, estando o livro munido de um espaço próprio para que o leitor adicione a sua própria interpretação fotográfica dos poemas, tornando o seu livro único e a experiência de leitura, interactiva.

São várias as temáticas abordadas pelos versos do poeta e encontram-se com frequências os poemas de amor e galanteio, as críticas socias, as referências à importância da família e das raízes de cada um, evocações ao império Luso de outrora, a incessante e conturbada procura do “eu”, a admiração pela terra em jeito quase bucólico e a (auto)crítica sagaz de quem olha, vê e não se conformando com a paisagem, expressa o desacordo entrelinhas sobre a forma simples e emotiva do verso.


Não sendo fácil avaliar esta obra no seu conjunto, no que ao conteúdo diz respeito, por cada poema ter, sem dúvida, a sua história e 53 poemas contarem muitas histórias diferentes, é a meu ver, perfeitamente possível avaliar a experiência de leitura/entretenimento que este livro proporciona. Ao ler, ao ver “imagem d’escrita” pude saborear as mensagens escritas pelo poeta e contemplar a interpretação fotográfica que Isabel Brinca, Luísa Correia, Rui Manuel Aires e Vanessa Ideias, fornecem das mesmas e, se casos houve, em que a minha imaginação não me permitiu mais do que ver uma imagem que pouco me ligava ao poema, noutros, tornava-se a meus olhos, quase indistinguível, as palavras da imagem como se fossem um e o mesmo testemunho da mesma realidade.

Uma óptima e interessante experiência de leitura e contemplação visual, fresca, diferente, e que se coroa com a possibilidade de levar o leitor a ser parte integrante da obra, adicionando as suas próprias interpretações fotográficas a alguns dos poemas.

Classificação:




Nuno Soares

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